O câncer de intestino ou câncer colorretal é o segundo tumor maligno mais frequente do Brasil. Segundo previsões do Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 625 mil novos casos deste tipo de câncer serão contabilizados no país em 2022, seguindo a tendência mundial de aumento do número de casos, especialmente em adultos jovens. A maior parte dos tumores de intestino ocorrem na sua porção final: o intestino grosso. Eles surgem a partir de alterações genéticas da camada interna do intestino, chamada de mucosa. Aproximadamente 90% dessas alterações se manifestam na forma de pólipos intestinais: lesões da mucosa que podem medir de poucos milímetros a vários centímetros. Essas lesões podem ser detectadas e removidas através da colonoscopia, um procedimento realizado sob sedação, em que o médico examina o intestino grosso através de uma microcâmera acoplada a um sistema tubular manobrável introduzido pelo ânus. O exame permite tanto o diagnóstico precoce dos tumores, como a remoção de pequenas lesões antes que se transformem em tumores malignos. Até mesmo as lesões malignas, em casos selecionados, podem ser removidas por colonoscopia, sem necessidade de cirurgia. Nesses casos, as taxas de cura são próximas a 100%.
O câncer é considerado avançado quando o tumor infiltra camadas mais profundas da parede do intestino, invade outros órgãos ou dissemina células tumorais através da extensa rede de vasos sanguíneos e linfáticos do intestino. Nesses casos, a ressecção superficial proporcionada pelo colonoscópio não é suficiente para remover todas as células tumorais, impondo-se a retirada do segmento de intestino acometido, juntamente com os vasos sanguíneos e linfáticos que o acompanham.
Atualmente, estão disponíveis: as vias convencional, videolaparoscópica e robótica. Exceto pela via de acesso, os três procedimentos são semelhantes na essência. Na via convencional, o cirurgião opera sob visão direta através de uma incisão ampla no abdome, manipulando os tecidos com as mãos e instrumentos. Na videolaparoscopia, a operação é realizada com o auxílio de uma microcâmera e instrumentos finos e longos introduzidos no abdome através de pequenos orifícios. Na cirurgia robótica, o cirurgião opera afastado do paciente, controlando os instrumentos através dos braços de um robô. Apesar do alto custo, a cirurgia robótica ainda não se provou melhor que videolaparoscopia com relação a taxas de cura e redução de complicações pós-operatórias. Entretanto, o robô é indiscutivelmente superior à videolaparoscopia em termos de imagem, liberdade de movimentos e ergonomia para o cirurgião.
Como ocorre com qualquer outro tipo de câncer, a prevenção é estratégia mais eficiente de combate ao câncer colorretal, e a campanha março azul marinho traz o alerta à população sobre como prevenir a doença. Um bom começo é adotar um estilo de vida saudável, com uma dieta rica em fibras e baixo teor de carnes vermelhas. Evite alimentos embutidos e bebidas alcoólicas. Pratique exercício físicos regularmente, controle o peso e não fume. Assim você diminui o risco deste e de outros tipos de câncer. No câncer de intestino, em particular, a colonoscopia é o método de prevenção mais eficaz. Estima-se que ela poderia prevenir até 70% das mortes por este tipo de câncer. Está indicada para todas as pessoas a partir dos 50 anos, ou dos 40, para indivíduos com história familiar de câncer. Importante destacar que sintomas como sangramento nas fezes, mudança de hábito intestinal, emagrecimento, massa abdominal e obstrução intestinal podem indicar a presença de câncer colorretal e requerem investigação urgente. Se você tem algum deles, informe-se com seu médico sobre a colonoscopia.